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Conversas Desassombradas

Conversas Desassombradas | 2024-02-02

Sessão#3 - A Convicção | Porto

A matriz da convicção é a liberdade.

É praticamente impossível um ser humano não estar convicto do seu direito a ser livre, seja qual for a condição em que vive. Ter uma convicção é muito mais do que possuir uma crença. Cada vez mais se confundem convicções com dogmas e fanatismos, ou com a presunção a ter razão. Realidades que conduzem facilmente à intolerância. Já a convicção produz prova e certeza. Constitui-se como decisão. Implica uma adesão e um movimento interior do sujeito na relação da consciência com o mundo. E normalmente implica uma deliberação. A deliberação pode ser, bem entendido, pública ou privada. A deliberação é a obra da inteligência política (Paulo Tunhas). A deliberação atua no presente mas diz sobretudo respeito ao futuro.

O espaço público mediatizado ativa ódios e intimidações. O que não permite discernir o conteúdo das deliberações e muito menos respeitá-las. Além do mais, muitos cidadãos acham-nas opacas, seja por ignorância, ou pelo tecnicismo das argumentações, seja pela dificuldade em ver de que modo, e como, se radicam num contrato social. A convicção é a declaração de independência da vontade. Numa época em que surgem novos fenómenos de representação (simbólica e política) e dificuldades de relacionamento entre maiorias e minorias, entre eleitores e eleitos, incluídos e excluídos, o direito à convicção está constantemente ameaçado. O desespero cultural acompanha-nos há décadas, como diz Roger Scruton, para quem a escolha de hoje é a de sempre, entre viver bem ou mal, entre a virtude e a crueldade, o amor e o ódio.

O fundamento aristotélico segundo o qual o ser humano tende naturalmente para a felicidade, que constituiria um fim em si mesmo, defronta-se agora, no presente com complexas modalidades de escolha. Surgem várias propostas em nome da “liberdade” (por exemplo de expressão) que afinal propagam, quando não impõem, uma ordem vocabular restritiva e tirânica, capturando a linguagem, ou então produzem asfixiantes estereótipos ideológicos, e alçapões no discurso. Veja-se por exemplo o movimento woke, ou a cancel culture. Outras propostas apelam a um equilíbrio de poderes, a um sistema de igualdades, de redistribuições justas e racionais, segundo os princípios do mérito e da tolerância. Mas dividem-se entre mercado e estatização. Veja-se a recombinação dos conceitos de esquerda e direita e as novas polarizações que daí resultam. Uma coisa é certa, ninguém é coagido a ser feliz. A não ser nos sistemas totalitários, o que é obviamente um paradoxo.

A convicção é a maior adversária do desinteresse, dos abstencionismos, da preguiça social, e por isso possui uma moral no sentido kantiano do termo. Em suma, é um começo possível a qualquer momento.

Como pensam a convicção uma professora universitária e investigadora em ciência política, Teresa Nogueira Pinto e Francisco Assis, político, e até há muito pouco tempo presidente do Conselho Económico e Social. É o que vamos procurar descobrir na próxima Conversa Desassombrada organizada pela TELLES com curadoria de Eduardo Paz Barroso, professor universitário, autor e programador cultural.

A esta conversa juntar-se-á Mafalda Santos Carvalho, advogada na TELLES, que irá falar sobre a importância e o impacto deste tema na sua profissão.

Clique na imagem para ver ou rever a Sessão sobre A Convicção.

Programa e oradores.

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